02/09 | Jardins - tarde

A manhã tinha, por partes, passado rapidamente. Na torre, somente com Bryan o tempo tinha parecido como um piscar de olhos, porém com a chegada dos dois amigos grifinórios dele, pareceu ficar um pouco mais devagar, afinal o tempo parecia anos quando eu tinha que tratá-lo mal, porém era por motivos maiores e necessários. Depois de tal tormento, a sonserina Roxanne tomou grande parte do restante da manhã, distraindo-me enquanto conversávamos sobre coisas sem tanta importância assim, o que serviu para tirar um pouco os problemas da minha cabeça e até mesmo aliviar, mesmo que momentaneamente, minha culpa por ser uma mentirosa aproveitadora. Antes de deixar o local, recebi em um pedaço de papel poucas palavras, verso deste, o meu nome. Era um recado simples que dizia apenas “Encontre-me nos jardins daqui uma hora” e em baixo, o meu nome do meu primo.

Do corujal, segui para o Salão Principal e aproveitei para almoçar mesmo sendo mais cedo do que eu estava acostumada. Sentei-me à mesa a qual pertencia e comi em paz, às vezes satisfazendo a curiosidades dos novatos sobre Hogwarts e seus “mistérios”, observando o jeito inocente que eles ainda tinham nos olhos, os gestos harmoniosos e as brincadeiras de pessoas que, querendo ou não, ainda são crianças. Instantaneamente Jared veio aos meus pensamentos, me fazendo recordar de épocas passadas, anos de crianças que já revelavam um futuro envolvimento. Por um momento senti raiva por tudo, ou quase tudo, me lembrar ele. Era como uma imagem tatuada no meu cérebro, uma tatuagem não removível, mas que também não queria que fosse removida e, por isso, me enlouquecia. Depois desse segundo de não aceitamento, veio a saudades, seguido de um sorriso ameno, para não dizer bobo, de garota apaixonada.

Como o combinado, ao menos por minha parte, caminhei até os jardins de Hogwarts e, como Jared ainda não estava lá, sentei-me e encostei as costas em um banco próximo a uma árvore, para esperá-lo.

When you breathe I want to be the air for you ♪

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02 de setembro, tarde!
Post #02 ! Hogwarts > Jardins

Olhei para o relógio delicado do meu pulso e, pela terceira ou quarta vez, constatei que Jared estava atrasado. Passei a mão no rosto, afastando uma mecha de cabelo e prendendo-a atrás da orelha, depois fechando os olhos e sentindo a leve brisa passar pela minha face, voltando a abri-los e olhar ao redor. Já se passara meia hora a mais desde o horário combinado, mas graças a Merlim, paciência era uma das minhas virtudes e eu era tranqüila quanto a isso, podia esperá-lo por horas sem de fato me incomodar, até porque eu o queria e sabia que ele apareceria, independentemente do tempo corrido. Abaixei e colhi uma rosa vermelha do canteiro que ficava aos arredores do banco, tão próxima que não foi preciso nem levantar para alcançá-la e passei a me distrair com sua cor vibrante.

Cerca de alguns poucos minutos, minha visão foi bloqueada por duas mãos. Minha primeira reação foi pular de susto, o que não era para menos, já que estava distraída e não percebera nenhuma aproximação. Não precisava de absolutamente nada para adivinhar de quem era as mãos, a textura e o cheio o deduziam, pois estes estavam tão gravados em minha mente que era impossível confundi-los. Se em um segundo eu tinha assustado, no segundo seguinte eu estava abrindo um sorriso que logo foi acompanhado de um arrepio leve quando ele roçou os lábios na minha orelha. – Elas não são tão belas como você... – Jared disse ao tirar as mãos dos meus olhos. Ele observava a rosa que eu segurava, eu observava suas feições perfeitas. Demorei um pouco a captar o elogio, mas assim entendido, um sorriso estampou minha face. – Sempre tão gentil... – comentei enquanto ele beijava meu pescoço e em seguida sentava-se ao meu lado. E de fato Jared era gentil, sempre e sempre, o que fazia com que eu me sentisse especial em sua presença. – Sua respiração está ofegante – disse, rindo em seguida. Jar está com a respiração alterada, o que me fazia chegar a conclusão de que possivelmente ele viera correndo.

– Desculpe-me pela demora, não queria fazer você esperar! – ele passou os braços pelo meu ombro e eu aproveitei para encostar-me nele e sentir o calor de seu corpo, coisa da qual eu só Merlim sabia como eu sentia falta. Balancei a cabeça negativamente, ele não precisava de desculpas. – Não está tão atrasado assim e, em todo caso, você está aqui e é isso que importa, não é? - sorri e o garoto beijou carinhosamente o topo da minha cabeça, depois meus lábios de maneira que descrevia a sua saudade, ou melhor, a nossa saudade. Por mais que tivéssemos passado uma boa parte das férias juntos, não era a mesma coisa, havia nossos pais por perto, o que complicava nossa aproximação. Agora não precisava de extremo cuidado, estávamos a sós, correndo o risco se ser vistos, mas era algo que valia a pena.

Jared deslizou uma de suas mãos pelo meu corpo, deixando-a em minha cintura enquanto me beijava, gesto o qual eu levava como uma provocação. O beijo chegou ao fim e, dessa vez, era a minha respiração que dava indícios de falhar. Ele pegou uma flor e eu automaticamente procurei a rosa que estava em minha mão, encontrando-a no chão. Devia ter a soltado enquanto Jared me distraia. – E então Char o que fez de manhã? – dei um selinho nele e passei a acariciar seu rosto, recapitulando o que eu tinha feito e calculando o que eu contaria. – Bom, primeiro eu acordei, tomei banho, troquei de roupa,pensei em você... – sorri e deitei minha cabeça no ombro dele. – Depois eu passei no Salão Principal, peguei meu café-da-manhã e o fui comer na torre do relógio e, mais uma vez, pensei em você. – desencostei dele e beijei-o de leve. – Dois grifinórios apareceram, então eu me retirei e segui para o corujal. – mais um beijinho – Lá conversei com Haunton e, quando estava me preparando para sair, recebi sua carta. – beijei-o mais uma vez e voltei a deixar a cabeça em seu ombro e suspirei. – E a sua manhã, como foi?