03/09 | Sala de DCAT - manhã

Feitiços de Proteção:

1º-Protego. Usado para repelir o feitiço lançado contra o próprio atacante.
2º-Protego Horribilis. Uma variante do feitiço Protego, só que mais avançada, podendo gerar uma proteção em área.
3º- Protego Totalum. É o encantamento para o feitiço defensivo de proteção de pequenas áreas. Forma uma "bolha" protetora em torno do alvo lançado, devendo ser renovada periodicamente.

Spoiler:

Feitiços de Proteção:

1º-Protego. Usado para repelir o feitiço lançado contra o próprio atacante.
2º-Protego Horribilis. Uma variante do feitiço Protego, só que mais avançada, podendo gerar uma proteção em área.
3º- Protego Totalum. É o encantamento para o feitiço defensivo de proteção de pequenas áreas. Forma uma "bolha" protetora em torno do alvo lançado, devendo ser renovada periodicamente.

A girl can do what she wants to do and that's
What I'm gonna do

3rd Septembre 2010, Afternoon x DCAT Class

Sabe o calor que faz no Deserto do Saara? Bem, era bastante parecido com o calor que estava a fazer neste três de Setembro, mais não seja porque na Grã-Bretanha é suposto não fazer calor. Tipo, toda a gente associa Londres a chuva todo o dia, tempo quase sempre cinzento, invernos frios e cheios de neve. Não com um Verão de 30 e tal graus em pleno castelo criado na Idade Média!

Ok, agora que apresentei o meu drama, creio que me possa apresentar. O meu nome é Nicolle McKinney, eu sou uma bruxa – não daquelas de verruga no nariz, Mérlin, que horror! – e estudo em Hogwarts. E naquele momento, estava a caminhar em direcção à Sala de DCAT para ter a minha primeira aula de DCAT do ano, no meio de um calor dos infernos.

Tinha ignorado a manhã todas as reclamações dos professores acerca do facto de eu não estar a usar a camisa do uniforme e apenas revirado os olhos a essas reclamações. Afinal, como queriam que eu sobrevivesse sem derreter enfiada dentro de uma camisa que, apesar de ser de manga curta, até era grossa?! Por isso, apenas enfiei uma t-shirt e pus a gravata ao pescoço.

Quanto ao professor de DCAT, eu sabia que com ele eu não me tinha de preocupar, sendo que ele era um porreiro.

Quando cheguei à sala, o professor já lá estava. Sentei-me numa mesa mais atrás, ao lado de uma sonserina loira que eu conhecia e cujo nome era Charlotte.

E, antes que comecem com o mesmo enfadonho discurso do “Sonserinos não se dão com Grifinórios (ainda mais com uma nascida-trouxa)”, primeiro esses preconceitos são mais velhos que o meu bisavô e acho que já está na altura das pessoas mudarem um bocadinho a sua mente do século passado e segundo, a Charlotte nunca me fez ,mal nenhum para eu evitá-la por ser sonserina: Mérlin, eu não o era capaz de fazer!

-Boa dia, ou melhor, bom início de tarde a todos! Espero que vocês estejam preparados para o longo, mas não cansativo sétimo ano que vos espera aqui comigo nesta humilde companhia de meu amigo Harold, acho que vocês devem se lembrar dele, não? Ora, vamos lá Harold, eu te eduquei, ou tentei, para alguma coisa! – Disse o professor, começando a aula.

Depois de alguns mugidos e interpelações do pássaro maluco, o Prof. Norton começou a falar acerca de Feitiços de Protecção, já que íamos dá-los durante aquele mês, como forma de termos como proteger-nos. O professor ordenou que fossemos treinar o Protego Horribilis para o canto vazio da sala, em pares.

- Charlotte, ficas comigo? – Perguntei à loira, ao qual ela assentiu. - Podes começar.- Disse quando chegámos ao canto vazio, pondo-me a postos, com a varinha na mão.

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3rd Septembre 2010, Afternoon x DCAT Class

Bem, DCAT sempre fora uma das minhas disciplinas preferidas. A adrenalina a pulsar pelas veias junto com o sangue, enquanto proferíamos os feitiços nas aulas práticas e realizávamos pequenos duelos como treino era a melhor sensação de todas, na minha opinião. Muito provavelmente, a minha preferência devesse-se ao facto de eu ser bastante impulsiva e também bastante briguenta, mas isso a mim não importava.

Importava sim sentir o coração a bater mais rápido, a respiração a ficar ofegante, a adrenalina a fluir, a varinha a postos para o embate.

Por algum motivo eu queria ser Auror. Ter nas mãos a segurança do Mundo Bruxo devia ser a sensação melhor do Mundo. E fazer isso bem, seria um orgulho. Mas, para isso, eu precisava de trabalhar, todos os dias – mas apreoveitar a vida ao mesmo tempo, ou eu não me chamaria Nicolle McKinney.

E lá estava eu, varinha estendida, os braços livres de pulseiras, a gravata ainda mais desapertada, os fios ruivos presos num coque desgrenhado, a respiração mais rápida, a face corada.

- Expelliarmus!- Proferiu Charlotte energicamente, embora ela tivesse me parecido abatida, antes.

- Protego Horribilis!- Proferi, assim que o raio vermelho saiu da varinha da Sonserina e veio contra mim.

Obviamente, o meu feitiço não saiu perfeito. Embora gostasse, DCAT nunca foi das matérias em que eu me desse melhor: era mediana. Por isso, caí no chão sentada e um bocado tonta.

- Eu estou bem, não te preocupes.- Disse, um pouco mais alto que um sussurro, para acalmar Charlotte, que vinha até mim, levemente preocupada.

Feitiços de Proteção:

1º-Protego. Usado para repelir o feitiço lançado contra o próprio atacante.
2º-Protego Horribilis. Uma variante do feitiço Protego, só que mais avançada, podendo gerar uma proteção em área.
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3rd Septembre 2010, Afternoon x DCAT Class

Sim, eu sentia-me um tanto ou quanto tonta e ligeiramente enjoada mas, como já disse, é normal: quando aprendemos a usar o Protego, nas minhas primeiras tentativas, eu também falhara redondamente e não fora a única.

E, mal acabei de me lembrar da minha triste figura naquelas aulas de DCAT, no quinto ano, ouvi queixumes baixos e vi mais gente a desequilibrar-se. Levantei-me com a ajuda de Charlotte, que tinha mostrado há uns segundos atrás um pouco de “atitude sonserina” e sorri de canto, pronta para continuar: eu haveria de conseguir algum dia e, provavelmente, daqui a algumas aulas o meu Protego Horribilis já devia estar perfeito.

- Estou brincando, é claro. Força do hábito agir assim, com descaso.- Disse ela, já um bocado brincalhona. Obviamente, eu sabia que aquelas palavras azedas tinham sido um pouco “sem querer” e, obviamente, eu também não tinha dito nada, afinal ela não me ofendera nem um milésimo. Porque, se me ofendesse, desculpa, eu gosto muito de ti Charlotte, mas já estarias no chão.

- Tudo bem, eu compreendo. É normal tu habituares-te a ser um bocado mais ríspida, os teus colegas não são lá muito fáceis de aturar, na maioria das vezes, com os seus modos superiores e ar inumano. - Sorri-lhe, após dizer aquelas palavras o mais gentilmente possível. Eu sabia que sonserinos costumam ser rudes com pessoas diferentes e ainda deviam ser mais rudes e preconceituosos com pessoas diferentes – que não fossem iguais à maioria deles, todos presos nos seus ideais enfadonhos – que fossem parar à casa deles.

Ela pôs-se a postos, informando que estava pronta e que agora era a minha vez. Com um sorriso de canto nos lábios, pus-me a postos e no meu lugar, a varinha firme na mão direita.

- Expelliarmus!- Proferi, o raio vermelho a ir em direcção à loira. Mordi o lábio inferior logo de seguida, um bocado preocupada: ela poderia ficar muito mais magoada do que eu, eu não sabia afinal qual era a sua perícia em feitiços.

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3rd Septembre 2010, Afternoon x DCAT Class

Eu sabia bem que, no meio daqueles sonserinos mesquinhos e preconceituosos - cuja a mascote “cobra” tem tanto a ver com eles que eu até desconfio que o seu patrono seja uma cobra peçonhenta daquelas pequenas, mas com um veneno mortífero e instantaneamente mortal, a língua viperina a silvar de forma ameaçadora – também há pessoas decentes, sem preconceitos e com uma mentalidade ligeiramente menos tradicional.

Para mim, esses eram os verdadeiros sonserinos. Aqueles que mostravam ao Mundo que não tinham de ser preconceituosos ou gostar de Artes das Trevas para pertencerem àquela casa, e que nela não só se “faziam” bruxos maus e sem princípios.

- Até admira não estares no meio da rivalidade entre sonserinos, sendo que provavelmente aqueles mais tradicionais sabem que tu não te dás só com sonserinos ou só com sangues-puros, e sim também com mestiços e nascidos-trouxas – como eu.- Respondi-lhe, de certa forma admirando-me com o facto de Charlotte não se encontrar no meio das rivalidades. Eu tenho a certeza que se eu estivesse no lugar dela, impulsiva e cabeça dura como sou, ia praticamente chefiar a “guerra”, quanto mais participar nela.

- Sabes, eu, de certa forma, até admiro os sonserinos, em geral. As características da casa não são defeitos, são qualidades. A ambição e sede de poder não devem ser esculachadas, a meu ver. Sem ambição, onde nós estaríamos, agora?! Provavelmente, ainda a viver em castelos medievais e com cintas de castidade. A astúcia e o egoísmo também não são defeitos horrendos: toda a gente deve ser astuta se quer subir na vida, e pensar primeiro nela e só depois nos outros, se não onde é que chega?! À boate mais próxima, a servir ao balcão?!- Sorri gentilmente, após dizer o que pensava. Nem todos os sonserinos eram autênticas víboras, nem todos eram preconceituosos e pareciam viver na Idade Média. Era só uma questão de ponto de vista, sinceramente.

De qualquer forma, nós decidimos parar de conversar para voltarmos ao treino do feitiço, que não era muito difícil, mas que exigia prática e perícia. Após eu mandar o raio vermelho, ele foi imediatamente rebatido com o Protego Horribilis da sonserina – que foi melhor que o meu, com toda a certeza, sendo que ela só oscilou um bocado e ia perdendo a varinha, como admitiu, mas manteve-se firme, sendo que eu caí redonda no chão como uma panqueca mal cozinhada.

- Estás bem? O teu Protego Horribilis foi melhor que o meu, pelos vistos deves ser muito boa a DCAT. Admito que não tenho tanto jeito para a disciplina como para a de TCM, por exemplo.- Apesar de ela parecer bem, eu estava ainda um pouco preocupada, e quanto à conversa de conveniência era melhor do que estarmos caladas que nem ratos, só proferindo feitiços e, de vez em quando, preocupações murmuradas com a voz ofegante e rouca de ser pouco usada.

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3rd Septembre 2010, Afternoon x DCAT Class

Nós continuávamos a falar acerca da Sonserina e dos colegas de Charlotte e até estava a ser interessante a conversa: ela era uma pessoa fascinante, com ideias muito próprias, embora fosse muito reservada e, a dado momento, pareceu-me que estivesse a fugir discretamente do assunto, começando em seguida a falar de grifinórios e de como eles tinham alguma característica que os faziam “irritantes”, segundo ela.

- Deve ser o fato de falarem coisas das quais não queremos escutar.- Ela sugeriu, brincando obviamente, como se pode ver pela risada que saiu dos seus lábios.

- Provavelmente. Nós também temos características muito próprias: não nos damos a medos e enfrentamos tudo o que vier sem desanimar, talvez por isso sejamos irritantes – e talvez também porque, como tu disseste, nós temos a capacidade de dizer tudo o que a outra pessoa não quer ouvir, e nós não costumamos mentir nem omitir.- Era verdade. E eu tinha orgulho em ser grifinória, em não me rebaixar aos outros, em ser apenas eu e não fingir ser nada do que eu não sou. E eu nunca seria capaz de mentir, até porque “a verdade vem sempre ao de cima”, como diz a minha mãe sempre que olha para o jornal e vê aqueles casos de homicídios misteriosos.

Bem, apesar da conversa estar interessante, nós tínhamos de parar e continuar a treinar os feitiços. Obviamente, não queríamos ser repreendidas e, sinceramente, eu achava que faltava pouco para o sermos, quando paramos a conversa e pusemo-nos nas nossas posições, logo a seguir.

Charlotte defendeu-se com maestria e quase sem qualquer erro, o que me fez elogiá-la pela prestação em DCAT, e queixar-me que adorava ter a DCAT a prestação que tenho a TCM – uma das disciplinas onde me saio melhor.

– Não me dou bem em TCM, principalmente na parte prática, sabe? Ter que alimentar ou encostar neles não é muito... legal- Ela comentou e eu apenas sorri: eu percebia que a maioria das pessoas tinha medo de animais que, por vezes, eram perigosos, mas às vezes nem tanto. Eu não tinha muito medo – só, às vezes, algum receio – e adorava mexer nas pelagens dos animais mágicos, alimentá-los – embora algumas comidas fossem nojentíssimas -, dar-lhes banho como se fossem cachorrinhos.

- Protego Revellium!- Exclamei, mal voltamos Às nossas posições e Charlotte atacou, sendo a minha vez de fazer o feitiço. Desta vez até correra melhor que a passada, tendo me mantido equilibrada, embora o meu corpo tenha oscilado um bocado.

Continuamos a treinar, mantendo a conversa amena, sem mais assuntos polémicos como o dos sonserinos e as suas qualidades. E, passadas mais algumas tentativas, o professor Norton mandou-nos parar e anunciou que a aula acabara e que podíamos sair.

Guardei a varinha no bolso da saia do uniforme, desapertei o cabelo, deixando-o cair pelas costas, solto e coloquei as pulseiras que eu tinha antes nos pulsos, de novo. Após guardar as minhas coisas, disse adeus ao Professor Norton e, antes de sair, despedi-me de Charlotte:

- Tchau, Charlotte. Vemo-nos por aí.- Com um último sorriso, saí da sala de aula.

Bem, fora uma aula produtiva, a meu ver.