02/09 | Campo de Quadribol - manhã

Acordei de manhã, e uma enorme perguiça tomou conta do meu corpo. Esta noite dormira bem. O cansaço derivado do serão anterior ajudara a manter os meus olhos fechados a noite inteira, e nem sequer colocaria a hipótese de ter qualquer tipo de pesadelo. Talvez algum sonho bom, mas nem isso acontecera, ou seja, dormira que nem uma pedra. Já não me sentia cansada, e certamente não voltaria a adormecer, mas sabia bem ficar mais uns minutinhos na cama, enrolada nos lençois, apenas a pensar. E obviamente, os meus pensamentos não paravam em nenhum outro lado que não o banquete de boas vindas a Hogwarts da noite anterior... isto, claro está, se é que se aquilo podia ser chamado de banquete. Comida a voar por todos os lados, com alunos repletos de molhos e sumos. Fora um início de ano muito pouco usual, mas sem qualquer dúvida, valera a pena, apesar de me ter obrigado a tomar um banho a altas horas da noite, para tentar tirar toda a gordura com que as tartes [que pareciam ser atraidas por mim] me tinham deixado ficar.

Contudo, não era apenas na “comida” em que eu pensava. Maioritariamente, a minha cabeça pensava no beijo da noite anterior com um sonserino, por sinal bastante interessante, e a promessa de que a coisa não ficaria apenas por aí. Um sorriso surgiu nos meus lábios enquanto pensava no que poderia estar para acontecer entre os dois. No entanto, a minha própria cabeça teimava em pregar-me partidas, insistindo em não me deixar gozar da minha fantasia, pois logo surgiu na minha cabeça a imagem de Lucas. Não sentia exactamente um peso na consciência. Afinal, era uma mulher livre para fazer o que queria! Mas ao pensar no rapaz, o meu coração batia mais forte. Mas por utro lado naquele momento havia o Ben, e o beijo...

Okey, estava na hora de afastar aqueles pensamentos da minha cabeça. Voltei-me para o outro lado na cama, eencarei a camade Peyton ainda parecia dormir. Mas não podia ter a certeza sem perguntar... – Peyton? – perguntei baixinho, mas não obtive qualquer resposta. No entanto, qualquer coisa me dizia que a loirinha já estava acordada. E mesmo que não tivesse, queria que ela estivesse. Peguei na minha almofada, e mandei contra ela, com força suficiente para a despertar dos seus sonhos - Bom dia! - Ri-me, enquanto começava a falar e a via levantar-se – Então, não vamos passar o dia enfiadas na cama, pois não? – Geralmente era eu a quem custava mais acordar. Portanto, se por uma vez podia ser eu a ter o prazer de servir de despertador, não ia desperdiçar a oportunidade! Ganhei coragem e levantei-me também, arranjando-me para sair. Visto que tinhamos todo o dia livre, optei por vestir roupa que não usava diariamente na escola. Adorava poder ser eu a escolher o que vestia, em vez de andar constantemente com o fato que nós, raparigas da lufa-lufa eramos obrigadas a vestir quase todo o ano. Umas calças jeans, e um top vermelho foram a minha escolha, porque apesar de o sol estar parcialmente encoberto pelas nuvens, nos dias anteriores estivera calor.

Passá-mos rápidamente pelo salão principal, para tomar qualquer coisa no café da manhã. As mesas já estavam quase vazias. Provavelmente, dentro de pouco tempo seria hora de almoço. Mas sentia fome, também porque na noite anterior, com tudo o que se passara mal tivera tempo de tocar na comida. – Bem, vamos dar uma volta? – perguntei à minha amiga já à porta do salão. Preferia passear pelos campos, ou pelos jardins em vez de passar o dia fechada entre as quatro paredes do castelo... quer dizer, não exatamente quatro, porque no interior, o que mais existem são paredes... mas dá para perceber a ideia. Pertencia tudo ao mesmo espaço fechado. E para além disso, tinha uma ideia muito melhor de como podiamos passar o resto da manhã.

- O que me dizes a irmos dar uma espreitadela ao campo de Quadriboll? – E pelos vistos, a Peyton conhecia-me bem de mais, e percebeu logo a intenção de ir ao campo. Podia ver pelo olhar dela. Mas isso não me impedia de continuar a falar sobre o que queria ver – Nunca sabes quem podemos encontrar lá! Ainda pra mais, que mais desejas para começar que ano que a assistir a uma sessão de treino dos rapazes mais giros, e com os corpos mais tonificados, agarrados a uma vassoura, a voar? – Falava com um tom de voz calmo, e que deixava transparecer algum atrevimento, que me era já característico. Mas naquela altura, tinha esperança de encontrar uns grifinórios particulares lá, em que se incluiam o Lucas, para mim, e Nathan, porque também não queria deixar a Peyton sozinha a fazer de vela. Precisava de alguém com quem se entreter, e quem melhor que o ex-namorado – então, e o que vais fazer se encontrares lá o Nathan? – Tentava acreditar que ainda havia esperança para os dois - Não sabes o que as férias podem ter trazido. Mais maturidade, e sabe-se lá, mais experiência a nível... tu sabes – não precisei de completar a frase, porque percebi que a loira percebera onde queria chegar pela cara com que me olhou na altura – Calma, estou só a brincar! – Ri-me da sua expressão e do próprio comentário.

Quando nos aproximavamos do campo, não escondi a desilusão ao aperceber-me que não haviam vassouras a voar no ar – Oooh, não acredito que tenhamos vindo cá para nada. Tinha ideia que de manhã era a altura preferêncial para treinos, enquanto não começa o calor da tarde. Qual é que achas que é a probabilidade de descobrir quando são os treinos da grifinória e infiltrar-me no meio, para dar algum... apoio psicológico a alguém particular? – A minha intenção no meio disto mais uma vez era clara, tal como a pessoa que merecia o meu tempo.
Entravamos no campo enquanto continuavamos a falar, e então reparei numa figura deitada no chão. – Afinal não estamos assim tão sozinhas – comentei com Peyton. Mas não era nenhum garoto. Mesmo à distância, pela estatura e vestes percebi que se tratava de uma rapariga, que conhecia, a Ariana. – Bom dia Ari – sorri enquanto a comprimentava a primeira vez este ano – Então, o teu dormitório já não é suficientemente bom para descansar e tiveste de escolher um lugar alternativo? – brinquei com o facto de ela estar deitada ali. – Então, como foram as férias? Muitas novidades que eu deva saber? Festas, meninos... conta tudo! – Falava o meu lado curioso mais alto. Mas afinal, foram meses sem nos vermos, portanto, acho que era normal.